Quando no Porto as piscinas eram nas praias fluviais do Douro

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Na cidade do Porto, no início do século passado, não havia piscinas. Pelo menos à vista das populações, quanto mais para seu uso, por isso, os interessados em aprender a nadar e em competir tiveram que recorrer às praias fluviais do rio Douro.

Na altura aprendia-se qualquer coisa parecida como esbracejar nas águas, como nadar à cão e um bruços intuitivo, forma arcaica de sobrevivência.

No Porto, se não havia grandes meios, recorria-se à praia ou Douro para implementar uma natação próxima dos padrões do referido. Existiu sempre quem defendesse a organização da modalidade.

Foram os pioneiros de onde partiu uma evolução positiva, embora marcada, aqui e ali, por hiatos de estagnação. Lisboa e Porto apostaram, naturalmente, nas travessias, que se tornaram, rapidamente, em provas de interesse popular. A travessia do Porto a nado, assim como as provas entre as duas margens, junto à Ponte Luiz I, onde existe o posto náutico do Fluvial, eram as competições mais apreciadas pelos nortenhos, constituíam a base sólida que sustentou a paixão dos portuenses, aglutinando individuais e estimulando coletividades.

Ficou célebre a travessia em 1918 que  Bessone Bastos, nadador do Algés (avô do Toni e Luiza) venceu, mostrando aqui as suas excelentes qualidades na altura de nadador de fundo. Prova que teve como responsável pela sua organização o Real Fluvial Portuense, a mais antiga agremiação desportiva da capital do Norte, que com esta iniciativa procurou sempre agitar a natação no norte do País.

Na altura, não havia piscinas e recorria-se ao rio. Com certas dificuldades, o Fluvial foi remando contra a maré… e mais tarde venceu, tendo organizado, por falta de piscinas, as tradicionais provas no rio, com destaque para a Travessia do Porto, uma prova com dimensões de 8.300 metros, entre as praias de Campanhã até à Cantareira, junto à foz do rio Douro.

Uma competição em que os adeptos da natação apareciam em grande número, acompanhando a prova ao longo das marginais dos dois lados que enchiam as muralhas de gente amante da modalidade, que contava sempre com a participação dos melhores nadadores da altura

Havia na altura quem me disse que para ser nadador tinha que já ter feito a travessia do Porto a Nado…

Com os tempos, tudo foi acabando. Pelos anos 80 notou-se a ausência desta prova, conforme me informou o meu querido amigo Aníbal Pires, presidente da ANNP, por culpa do grande movimento marítimo que existe no rio.

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