António Domingues demite-se

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António Domingues apresentou esta semana a demissão do cargo de presidente do CNAc. Num longo texto publicado no Facebook do clube de Coimbra, Domingues, que tinha tomado posse há cerca de um ano, revelou algumas das razões para a sua decisão.

Texto na íntegra colocado no Facebook do CNAc:

“Quando assumi o projeto CNAC fi-lo porque gosto de abraçar novos desafios e na minha infância e juventude foi o desporto a que mais me dediquei e que vivi com mais paixão.

Começámos com muitos planos e sonhos que gostaríamos de concretizar!

O associativismo como todos sabem traz muitas preocupações e dores de cabeça. Levamos um não aqui, uma crítica acolá e nem sempre é fácil.

Muitas vezes prejudicamos a nossa família e os nossos amigos, não só porque chegamos cansados, mas também com menos tempo para lhes prestar atenção.

Há uma direção composta por pessoas que tem várias ideias, umas semelhantes, outras divergentes, o que pode ou não ser enriquecedor. É da troca de ideias que surgem opções e projetos. Há a opinião dos associados. Lida-se com treinadores, atletas, pais e crianças. Lida-se com entidades locais, regionais, nacionais e internacionais…,etc.

Quem se dedica ao associativismo sabe que isto é verdade. Contudo, acontecem momentos em que devemos dar lugar a outros que tragam outras dinâmicas e estejam mais motivados.

Assumo pessoalmente que houve coisas melhores e outras menos boas nesta direção que encabecei.

Essencialmente tentei fazer o meu melhor, assim como os elementos que me acompanharam na Direção a quem agradeço especialmente pela colaboração que deram neste projeto. Eles também abraçaram este projeto com dedicação e muitas vezes em prejuízo das suas vidas profissionais e pessoais.

Agradeço a equipa técnica composta pelos treinadores que tentaram fazer o seu trabalho Técnico o melhor possível e que permitiu ao Clube atingir os resultados excelentes em várias competições e torneios e alguns atletas atingirem recordes pessoais e regionais.

Agradeço ainda à Coordenação e aos vários monitores da Escola de Natação que dedicam o seu tempo a ensinar crianças num desporto que é excelente a vários níveis e de onde irão sair no futuro nadadores para o Clube. A formação é uma vertente importante para o Clube.

Agradeço também aos técnicos de hidroginástica.

Uma atenção também a toda a equipa Técnica do Pólo Aquático onde fui uma presença menos assídua e tenho que pedir desculpa por isso mesmo mas onde temos a dedicação extraordinária de dois elementos da Direção.

Por isso sem qualquer tipo de desculpabilização, assumo que nem sempre fui presença assídua nos jogos de Pólo aquático ou em todas as competições de natação, e por falta de tempo não cumpri como gostaria estas funções.

Agradeço ainda a todos os funcionários do Clube que colaboram diariamente no seu trabalho ou eventos realizados pelo CNAC.

Agradeço também às pessoas | entidades que celebraram protocolos de parceria connosco, nomeadamente, ao Nelson Gym, à nutricionista João Maria Campos, à fisioterapeuta Ana Leite e à Psicóloga Catarina Calado.

Por fim, permitam-me também agradecer a todos os atletas e pais de atletas! O meu, o nosso muito obrigado!

Não costumo ser uma pessoa de abandonar o barco e, por isso, melhor ou pior, tentei levá-lo a bom porto. Tentei apoiar para não pôr em causa a estabilidade e a continuidade deste grande clube.

Agradeço aqui publicamente todos aqueles que apoiaram esta direção e apelo para que continuem a apoiar o clube.

Quero apenas reforçar que penso que deixamos aspetos positivos. O Clube fica numa situação financeira minimamente estável e em termos desportivos, tem que se dar tempo aos jovens valores do Clube. Implementamos algumas ideias e tínhamos um projeto, que todos os que estão no clube, concordantes ou não em todos os aspetos sabem que houve um trabalho feito.

Tenho plena consciência que as dificuldades históricas do Clube carecem de solução e esta direção tentou trabalhar nesse sentido.

O dever de cidadania não é sinónimo de um jogo de palavras ou de bastidores. O dever de cidadania é tentar resolver os problemas que nos afetam a todos. Dever de cidadania é fazer renascer a esperança.

O caráter das pessoas define-se pela clareza das suas afirmações em coerência com as respetivas ações.

Ficaram muitas coisas por fazer? Sim.

Volto a reforçar que fizemos coisas boas e outras menos boas, mas, a tendência do ser humano infelizmente muitas vezes é dar enfase apenas aos aspetos negativos.

Desta fase da minha vida levo algumas alegrias, levo amizades, mas, infelizmente, também levo tristezas e levo inimizades de pessoas que se não tivesse existido este projeto talvez mantivesse uma relação cordial ou indiferente.

É minha opinião que chegou o momento de mudar.

O meu lema é que acima de todas as ideias individuais de cada um e dos relacionamentos mais ou menos cordiais o mais importante é o Clube e a sua continuidade. As pessoas passam mas as Instituições ficam.

A nova época inicia em setembro e julgamos da maior pertinência que seja a nova direção a assumir os destinos deste Clube para definir um projeto de início e não herdar um projeto com o qual não possam concordar.

Eu, por questões pessoais, profissionais e motivacionais não tenho condições de continuar nos destinos desta coletividade e por isso apresento a minha demissão.

À futura direção desejo os maiores sucessos e que consigam concretizar o que Nelson Mandela uma vez disse: “o desporto tem o poder de superar velhas divisões e criar um laço de aspirações comuns.

Sem outro assunto,

Os meus sinceros e profundos cumprimentos e agradecimentos a todos!  Viva o CNAC!”

Foto: Facebook de António Domingues (à direita)

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