A Natação, os órgãos de Comunicação Social e a “concorrência” desleal

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Hoje inicia-se um novo capítulo no Chlorus. Não sei se mais fortalecido ou enfraquecido, mas com uma certeza única: a paixão pelo jornalismo! A mesma que me fez abraçar esta profissão, a mesma que fez com que um grupo de entusiastas formado por mim, Tiago Mogadouro e Filipe Pereira criassem um portal de notícias de Natação em 2009.

A World of Sports acreditou neste projeto e fê-lo tornar-se órgão de Comunicação Social em 2016. Infelizmente, desde agosto do ano passado, deixou de honrar os seus compromissos, ficando o Chlorus à mercê da boa vontade da Redação que, sem prejuízo dos patrocinadores e dos milhares de leitores, manteve o site atualizado diariamente sem qualquer interrupção.

Após um longo processo de cedência de propriedade do título (cerca de cinco meses) por manifesto desinteresse e alheamento às dezenas de solicitações sem qualquer resposta da responsável pela WOS, o documento chegou às minhas mãos e assim foi possível dar seguimento da transição junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social.

O Chlorus sobreviveu a esta tempestade e hoje mantém-se devido a três pilares: os leitores, sem vocês não tínhamos razão de existir; as entidades que nos contratam para parcerias Media, sabem que somos o maior veículo de comunicação/promoção em Portugal dos eventos/ações de Natação que organizam; os patrocinadores, acreditam desde a primeira hora no nosso projeto, sabem que as suas marcas são valorizadas ao apostarem no Chlorus. À Golfinho, à Turbo e à Nizport, o meu sincero obrigado por nos ajudar a que o nosso país tenha um jornal online de Natação!

Nesta nova fase do Chlorus, tivemos de fazer um novo registo na internet, passando a estar em chlorus.pt, e alojar o site num novo servidor.

Face ao número pouco expressivo de subscrições pagas – ao contrário de outros países, em Portugal ainda achamos que ler conteúdos dos jornais online não deve ter um custo – decidimos então tornar as subscrições gratuitas, passando os leitores a receberem, se assim o desejarem, Newsletters semanais.

Indo ao encontro das preferências dos leitores, criámos a secção de vídeos e desenvolvemos uma parceria com a página de Facebook Water Polo Portugal. Os Resultados em Direto dos campeonatos de polo aquático podem agora ser vistos através do nosso site.

Novos colaboradores vão enriquecer a qualidade dos conteúdos do nosso jornal. João Bárbara, um apaixonado pelas águas abertas, passará a gerir as notícias dessa disciplina, bem como Ricardo Gonçalves, ex-jogador de polo aquático, assumirá a gestão desta última disciplina. Também Nuno Albuquerque, ex-jornalista do Record e Agência Lusa e comentador da RTP, contribuirá com os seus conhecimentos jornalísticos na gestão de notícias de natação.

Em breve teremos ainda a secção de SocialSnap, onde estarão associadas as redes sociais dos principais atletas.

Tudo isto surge num mês em que o jornalismo online de Natação ficou mais pobre. O Swimvortex, um dos principais jornais online de Natação, comunicou no dia 2 a decisão de colocar um ponto final, devido à falta de viabilidade financeira. Tal como o Chlorus, além de publicidade, dependia também de subscrições pagas para manter de pé o projeto.

Enquanto continuarmos a olhar para sites desportivos não reconhecidos legalmente e órgãos de Comunicação Social da mesma forma, vamos cair na falta de transparência, no oportunismo e na imparcialidade.

Quem faz jornalismo são os jornalistas (temos de ter carteira profissional para o efeito, cuja revalidação tem um custo pessoal) e quanto melhor com formação académica na área.

Quem tem um site desportivo de notícias tem que estar legalmente enquadrado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Se não está, não pode estar no “mercado” online, é um “concorrente” desleal!

Sou totalmente a favor de concorrência, isso valoriza os projetos de notícias. Mas as regras e as condições têm de ser iguais para todos!

Tenho visto técnicos de Natação credenciados a valorizar esse tipo de sites que produzem notícias de forma regular sobre Natação. Mas são os mesmos técnicos que apontam o dedo àqueles que exercem a profissão sem as habilitações necessárias (Título Profissional de Treinador) ou que se queixam da falta de contratos de trabalho para os treinadores de Natação. Os problemas em ambos os setores são similares, apenas apelo à coerência.

Ainda recentemente a Federação Portuguesa de Natação alertou (e bem) os clubes que não podem enviar alegados técnicos às concentrações de treino. Porquê? Não estão devidamente habilitados. Sinceramente gostaria que o mesmo critério, relativamente aos artigos, fosse aplicado às partilhas e menções na página de Facebook da FPN, isto é, as referências deveriam ser exclusivamente a órgãos de Comunicação Social. É uma crítica construtiva em defesa dos valores do jornalismo.

Mas os projetos digitais terem conteúdos de análise e de outro âmbito não são motores de promoção da Natação? Sem dúvida que sim, mas esses conteúdos devem ser integrados em órgãos de Comunicação Social e não deambularem em sites não enquadrados na ERC.

Assim, como publicação periódica, vamos continuar. Enquanto acreditarem em nós, estamos aí. Caso desejem apoiar o Chlorus, clique aqui.

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